O cristianismo contém paradoxos
que teriam pouco sentido se não considerássemos a vida e a morte de Jesus.
Vejamos este exemplo: embora a pobreza e o sofrimento sejam “coisas ruins"
que eu passo a vida inteira combatendo, elas estão ao mesmo tempo entre as
“bem-aventurnças". Esse padrão do ruim transformado em bom tem sua
expressão máxima em Jesus. Assumindo-a pessoalmente, Jesus dignificou a dor
mostrando-nos como ela pode ser transformada, Ele nos deu um padrão que deseja
ver reproduzido em nós.
Jesus Cristo é o exemplo perfeito
de todas as lições bíblicas sobre o sofrimento. Devido a Jesus, eu nunca posso
dizer sobre uma pessoa: “Ela deve estar sofrendo por ter cometido algum
pecado"; Jesus, que não pecou, também sentiu a dor. Deus nunca prometeu
que os tornados vão poupar nossas casas em sua passagem em direção a nossos
vizinhos pagãos e que os micróbios vão evitar o corpo de cristãos. Não estamos
isentos das tragédias deste mundo, exatamente como Jesus não estava. É preciso
lembrar que Pedro recebeu a mais forte repreensão quando protestou contra a
necessidade de Cristo sofrer (Mt 16:23-25).
Nós sentimos a dor como uma
ofensa; Jesus também, e foi por isso que ele operou milagres de cura. No
Getsemani ele não orou dizendo: “Obrigado por esta oportunidade de
sofrer"; antes, suplicou desesperado pedindo uma saída. Todavia, ele
estava disposto a submeter-se ao sofrimento em prol de um objetivo superior: No
fim, ele entregou as questões mais difíceis (“Meu Pai, se não for possível ...")
à decisão paterna, confiando que Deus poderia usar para o bem até mesmo o
ultraje de sua morte.
Na alquimia suprema de toda a
História, Deus tomou a pior coisa que poderia acontecer - a espantosa execução
do Filho inocente - e a transformou numa vitória definitiva sobre o mal e a morte.
Foi um ato de habilidade sem precedentes, que transformou o projeto do mal pondo-o
a serviço do bem, um ato que encerra uma promessa para todos nós. O inimaginável
sofrimento da cruz foi plenamente redimido: é por suas feridas que somos curados (Is
53:5), por sua fraqueza que somos fortalecidos.
Onde está Deus quando chega a dor?
Philip Yancey - Sinais da Graça
Philip Yancey - Sinais da Graça
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