Um aspecto tocante da revolução de Jesus diz respeito a como devemos ver pessoas
que são “diferentes”.
O exemplo de Jesus deve nos convencer hoje, porque há uma
sutil mudança na direção inversa.
À medida que a sociedade evolui e a imoralidade
aumenta, ouvimos apelos de alguns cristãos para que mostremos menos compaixão e
mais moralidade, apelos que fazem lembrar o estilo do Antigo Testamento.
Uma frase
usada tanto por Pedro quanto por Paulo tornou-se uma de minhas imagens
favoritas do Novo Testamento. Nós devemos administrar, ou “dispensar”, a graça
de Deus, dizem os dois apóstolos.
1 Pedro 4:10
A imagem traz à mente aqueles antigos “borrifadores”
usados pelas mulheres antes do aperfeiçoamento da tecnologia do spray.
Aperta-se um balão de borracha, e gotas de perfume são disparadas por pequenos
orifícios na outra extremidade. Algumas gotas são suficientes para um corpo
inteiro; algumas borrifadas mudam a atmosfera de uma sala.
É assim que a graça
deveria funcionar. Ela não converte o mundo inteiro ou uma sociedade
inteira, mas enriquece a atmosfera.
Agora nos preocupa o fato de que a predominante imagem dos cristãos tenha mudado do
borrifador de perfume para um dispositivo de spray diferente: o tipo usado para
exterminar insetos. Conhecemos alguns cristãos
que assumiram a tarefa de ser “exterminadores morais” em benefício da sociedade
infestada que os cerca.
Agora, chocante mesmo, é o poder
alternativo da misericórdia demonstrado por Jesus, que veio para os enfermos, e
não para os sadios, para os pecadores, e não para os justos. Jesus nunca
aprovou o mal, mas de fato assumiu a postura de perdoa-lo. De algum modo, ele
conseguiu a reputação de amigo dos pecadores, reputação que seus seguidores correm
hoje o risco de perder.
Como diz Dorothy Day: “Na
realidade amo a Deus na mesma medida em que amo a pessoa que menos amo".
A Deus toda a glória
Carlos R. Silva
outono 2013
adaptação de Sinais da Graça - Philip Yancey
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