quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Amigos: tesouros raros

“ ... em vez de me consolarem, vocês me atormentam.”
Jó 16.2

Histórias de calamidade e desafeto nos remetem ao ocorrido com Jó, narrado no mais antigo livro da Bíblia.
Jó desfrutava de todo o tipo de bênção que alguém possa desejar: saúde, família, amigos e muitos bens materiais.
De repente, torna-se vítima de uma sequência de tragédias que o levaram a perder tudo o que possuía e ficou num estado físico deplorável: só pele, osso e feridas.

Em meio à tristeza, choro e miséria, chegam os seus amigos. Parece que finalmente teria um pouco de consolo e apoio.
Ao invés do apoio, os amigos o acusam, oprimem, maltratam, condenam e atormentam, em nome de Deus. A sentença proferida por eles é muito clara: Jó é culpado. Tudo o que lhe aconteceu é fruto do seu pecado e a sua desgraça prova a sua culpa.
Estando eles bem, apontam para o que sofre e colocam-se em posição de abençoados.

Mas o que a miséria fez com Jó? Ela o torna o mais consciente dos homens, consciência na dependência de um Deus redentor. “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.”. Convenceu-o de que nada do que tinha, nem nada do que era vinha dele mesmo: “... Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor.”.
Sua dor o faz gritar e clamar pela presença de Deus: “Ó Deus, só tu podes ser a minha garantia; quem mais tenho eu para ser meu fiador?” 

De modo meio confuso, Jó abre o coração e Deus ouve a sua oração. Estranhamente, mas de modo maravilhoso, Jó enxerga a grandeza, soberania, poder, graça e amor de Deus.
O que “... antes conhecia Deus de ouvir falar, agora passou a vê-lo com seus próprios olhos.”.

De forma parecida, somos bombardeados diariamente com todo o tipo de julgamento e sentença frente à vários problemas, calamidades ou outras coisas, resultado das contenções do próprio universo: “é castigo divino”, “é fruto da idolatria”, “consequência do pecado”!
Será que somos preservados apenas por nossa santidade e bondade? Claro que não!
Fenômenos naturais, muitas vezes, são resposta à forma como tratamos e usamos os recursos deixados por Deus na terra e ar. Doenças podem ser causadas por falta de higiene e saúde pública precária.
Mas, se não forem esses motivos de sofrimento, ainda assim somos levados a crer num Deus soberano de quem tudo que nos acontece não escapa ao seu conhecimento. Jesus afirmou que “ ...nenhum pardal cai sem que o nosso Pai saiba.”  Somos impelidos a crer num Deus cuja função não é ficar nos socorrendo de pequenos infortúnios, correndo de um lado para outro, cuidado dessa porçãozinha do universo, terra.

A história de Jó é desafiadora para todo o que quer viver um relacionamento com Deus. Veja que Deus aposta em Jó. Isto está nos primeiros versos do livro, no diálogo travado entre Deus e Satanás.
O que me encanta é o fato de que Deus corre o risco de ser negado, mas mesmo assim aposta.
E do lado de Jó? Jó não sabia de nada! Que exemplo!

Ao final, o próprio Deus repreende aos amigos de Jó: “... Estou indignado com vocês, pois vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez o meu servo Jó.”.
E Deus manda irem até Jó para que orasse por eles: “...Vão agora até meu servo Jó, ... Meu servo Jó orará por vocês; eu aceitarei a oração dele e não farei com vocês o que vocês merecem pela loucura que cometeram.”.

Somos chamados a sermos bons conselheiros, somos chamados a abraçar, a consolar os que choram, animar os cansados, confortar os aflitos, como verdadeiros amigos.
E a máxima segundo o sábio Salomão é que “... há amigo mais chegado do que um irmão”.


A Deus toda a glória!


Carlos R. Silva
inverno 2013

Textos bíblicos:
Jó 19:25
Jó 1:21
Jó 17:3
Jó 42:5
Mateus 10:29
Jó 42:7,8

Provérbios 18:24

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