Jó 16.2
Histórias de calamidade e desafeto nos remetem ao
ocorrido com Jó, narrado no mais antigo livro da Bíblia.
Jó desfrutava de todo o tipo de bênção que alguém
possa desejar: saúde, família, amigos e muitos bens materiais.
De repente, torna-se vítima de uma sequência de
tragédias que o levaram a perder tudo o que possuía e ficou num estado físico
deplorável: só pele, osso e feridas.
Em meio à tristeza, choro e miséria, chegam os seus
amigos. Parece que finalmente teria um pouco de consolo e apoio.
Ao invés do apoio, os amigos o acusam, oprimem,
maltratam, condenam e atormentam, em nome de Deus. A sentença proferida por
eles é muito clara: Jó é culpado. Tudo o que lhe aconteceu é fruto do seu
pecado e a sua desgraça prova a sua culpa.
Estando eles bem, apontam para o que sofre e
colocam-se em posição de abençoados.
Mas o que a miséria fez com Jó? Ela o torna o mais
consciente dos homens, consciência na dependência de um Deus redentor. “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que
por fim se levantará sobre a terra.”. Convenceu-o de que nada do que tinha, nem
nada do que era vinha dele mesmo: “... Nu saí do ventre de minha mãe e nu
tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do
Senhor.”.
Sua dor o
faz gritar e clamar pela presença de Deus: “Ó Deus, só tu podes ser a minha
garantia; quem mais tenho eu para ser meu fiador?”
De modo meio
confuso, Jó abre o coração e Deus ouve a sua oração. Estranhamente, mas de modo
maravilhoso, Jó enxerga a grandeza, soberania, poder, graça e amor de Deus.
O que “... antes
conhecia Deus de ouvir falar, agora passou a vê-lo com seus próprios olhos.”.
De forma
parecida, somos bombardeados diariamente com todo o tipo de julgamento e
sentença frente à vários problemas, calamidades ou outras coisas, resultado das
contenções do próprio universo: “é castigo divino”, “é fruto da idolatria”,
“consequência do pecado”!
Será que
somos preservados apenas por nossa santidade e bondade? Claro que não!
Fenômenos
naturais, muitas vezes, são resposta à forma como tratamos e usamos os recursos
deixados por Deus na terra e ar. Doenças podem ser causadas por falta de
higiene e saúde pública precária.
Mas, se
não forem esses motivos de sofrimento, ainda assim somos levados a crer num
Deus soberano de quem tudo que nos acontece não escapa ao seu conhecimento.
Jesus afirmou que “ ...nenhum pardal cai sem que o nosso Pai saiba.” Somos impelidos a crer num Deus cuja função
não é ficar nos socorrendo de pequenos infortúnios, correndo de um lado para
outro, cuidado dessa porçãozinha do universo, terra.
A história de Jó é desafiadora para todo o que quer viver um relacionamento com Deus. Veja que Deus aposta em Jó. Isto está nos primeiros versos do livro, no diálogo travado entre Deus e Satanás.
O que me encanta
é o fato de que Deus corre o risco de ser negado, mas mesmo assim aposta.
E do lado
de Jó? Jó não sabia de nada! Que exemplo!
Ao final,
o próprio Deus repreende aos amigos de Jó: “... Estou indignado com vocês, pois
vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez o meu servo Jó.”.
E Deus
manda irem até Jó para que orasse por eles: “...Vão
agora até meu servo Jó, ... Meu servo Jó orará por vocês; eu aceitarei a oração
dele e não farei com vocês o que vocês merecem pela loucura que cometeram.”.
Somos chamados a sermos bons conselheiros, somos chamados a abraçar, a consolar os que choram, animar os cansados, confortar os aflitos, como verdadeiros amigos.
E a máxima
segundo o sábio Salomão é que “... há amigo mais chegado do que um irmão”.
A Deus toda a glória!
Carlos R. Silva
inverno 2013
Textos bíblicos:
Jó
19:25
Jó 1:21
Jó 17:3
Jó 42:5
Mateus 10:29
Jó 42:7,8
Provérbios 18:24
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