É linda a diversidade de formas como Jesus operava, como ele agia.
Em um momento, ao se deparar com um cego de nascença, ele faz lodo com a própria saliva, passa nos olhos do cego e manda-o que vá lavar-se. Ele vai e fica curado.
Noutra oportunidade, atende ao clamor de dez leprosos, sem nem chegar próximo deles. Libera-lhes apenas uma palavra: - Vão mostrar-se aos sacerdotes. E indo, pelo caminho, ficaram sãos.
Mas, é intrigante o texto de hoje, em Mateus 15:21-28, porque parece que Jesus está contrariando sua maneira de agir. Num primeiro e segundo momentos, não vemos nele nenhuma demonstração de misericórdia. Ele parece demonstrar um apego à tradição ou à missão para a qual o Messias teria vindo, atendendo e direcionando-se apenas para um povo específico.
Nosso desafio hoje é entender o porquê de recebemos de Deus, por diversas vezes, o silêncio.
Vamos tentar entender ainda que nem sempre os silêncios de Deus significam um não de sua parte em atendimento às nossas orações.
O silêncio de Deus
No relato de Mateus, Jesus vem de debates e enfrentamento com um grupo de fariseus, relatado no início do capítulo e ele sai dali e vai para uma região distante 40 km aproximados, pois não era tempo ainda de ser conhecido como o Messias que havia de vir, nem como o rei dos judeus.
Também parece que diante da rejeição dos fanáticos de sua gente ele decide mudar de ares, ver outra gente. Por causa de tal rejeição a oportunidade de chegar-se ao Rei celestial estende-se aos gentios.
Aproxima-se dele uma estrangeira, clamando por sua filha que estava atormentada por espíritos maus, por demônios. Esta certamente conhecia-o, e teria, pelo menos, ouvido falar dele, tanto que ela dirige-se a ele pela honrosa e merecida menção de Senhor, Filho de Davi.
Jesus sequer lhe dirige a palavra. Talvez ele desse ares de nem tê-la notado.
Ela insiste, não uma, mas várias vezes e, num tom espalhafatoso. Chega a ponto de os seus discípulos implorarem a ele que a despedisse, que a mandasse embora.
Jesus, dirigindo-se aos discípulos, ressalta que não viera para estrangeiros, mas foi enviado para restaurar os perdidos de Israel, foi enviado para os seus.
A mulher vem até ele, prostra-se, adora-o e grita: - Senhor socorre-me!
Só então Jesus dirige-se a ela, mas não para ajuda-la, continua a provocar-lhe, se se pode subentender assim.
Jesus, dirigindo-se aos discípulos, ressalta que não viera para estrangeiros, mas foi enviado para restaurar os perdidos de Israel, foi enviado para os seus.
A mulher vem até ele, prostra-se, adora-o e grita: - Senhor socorre-me!
Só então Jesus dirige-se a ela, mas não para ajuda-la, continua a provocar-lhe, se se pode subentender assim.
– Não é certo tirar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos. Ele diz.
- Mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Ela diz.
Aquilo desmontou o Senhor. Não havia mais argumentos, bastava!
Jesus elogia lhe a fé e decreta que fosse feito conforme o desejo dela. Na mesma hora sua filha foi curada.
É constrangedor o lidarmos com o silêncio de Deus.
Num ímpeto, num primeiro momento, geralmente tratamos como negativas da parte do Senhor em nos atender.
A forma como Jesus agiu ao pedido desta mulher pode apontar, nos dar pistas, de como Deus muitas vezes trata conosco.
- Mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Ela diz.
Aquilo desmontou o Senhor. Não havia mais argumentos, bastava!
Jesus elogia lhe a fé e decreta que fosse feito conforme o desejo dela. Na mesma hora sua filha foi curada.
É constrangedor o lidarmos com o silêncio de Deus.
Num ímpeto, num primeiro momento, geralmente tratamos como negativas da parte do Senhor em nos atender.
A forma como Jesus agiu ao pedido desta mulher pode apontar, nos dar pistas, de como Deus muitas vezes trata conosco.
Na ausência de respostas, não desista
O fato de não termos respostas, significa apenas que Deus não atendeu ainda, mas não necessariamente que ele não vá atender.
Diante da negativa de Jesus a mulher continuou a pedir, a implorar, a gritar por socorro.
Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta.
Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.
Mt 7:7-8
Foram as palavras do próprio Jesus em seu sermão numa montanha da Palestina.
As negativas de Jesus buscavam provocar fé
Às vezes, a forma como Jesus age, tende a ser exclusivamente para provocar fé. É como se ele estivesse nos experimentando para ver até onde nossa fé alcança.
A escassez pela qual você pode estar passando, as dúvidas que tão prontamente inundam a tua devoção, a vida que, num instante, parece não estar produzindo fruto nenhum. Tudo isso, todas essas dificuldades, todo o sofrimento incompreendido, pode ser sim elemento estimulador da fé.
Não que Deus tenha prazer em nos ver sofrer, mas você sabe tanto quanto eu, que o que vem por dedicação, através de disciplina, por sacrifício, seja na esfera física ou na espiritual, nós valorizamos tremendamente mais.
Deus quer estimular fé em nós para trabalhar valores eternos
Deus não é um sádico, pelo contrário é um pai cego de amor por seus filhos. Não é tampouco um ente distante, imerso no plasma, no vazio para onde eu me dirijo, sem saber nem mesmo para onde olhar.
Não! Deus é uma pessoa, um pai que ouve as orações, os pedidos, as queixas. É um pai que se entristece, que se ira, mas que tem um longo ânimo, ou paciência como queiramos chamar.
Nossos pais carnais nos privam de certas coisas porque sabem, por experiência, ou por sabedoria, que elas poderão não nos fazer o bem que esperamos. Se determinadas coisas nos acontecem cedo demais, podemos ser ainda imaturos para utilizá-las, para usufruir devidamente.
E por que na esfera espiritual seria diferente? Por que não agiríamos com as coisas que vão produzir em nós efeitos para a eternidade com o mesmo entendimento?
O apóstolo Paulo diz que nenhuma disciplina é boa no início mas depois ela produz fruto pacífico de justiça aos que foram por ela atingidos. (Hb. 12:11)
Frutos pacíficos de justiça como misericórdia, bondade, paciência, amor e paz são alguns dos resultados que poderão ser alcançados no tempo certo.
Deus não despreza o coração quebrantado
O salmista Davi, exclama com propriedade que a um coração quebrantado e contrito Deus não despreza. (Sl. 51:17)
E ele viveu este perdão, esta acolhida do Senhor.
A mulher cananéia desmonta todas as objeções de Jesus, quando, transliterando, “acho que valemos um pouquinho mais do que um cachorrinho, e, veja bem, até eles comem das migalhas que caem da mesa do seu dono”.
O pão caído da mesa, as migalhas, é o Cristo que os judeus, os filhos, rejeitaram e deixaram que caísse.
Que percepção teve esta mulher. Uma fé assim mereceu o elogio de Jesus.
Que percepção teve esta mulher. Uma fé assim mereceu o elogio de Jesus.
Um apelo, um chamado à fé
Não importa o que a vida te fez, não importa o que você está passando.
Confie no Senhor, tudo vai dar certo.
Há um final feliz para a sua história.
Sua história está apenas começando, sua vida aqui é só um pedacinho da sua existência.
Você, nem eu, temos ideia do que nos espera na eternidade. Tudo parece muito nebuloso ainda.
Mas o Deus que não se esquece nem dos pardais, o Deus que sabe até quantos fios de cabelo tem em sua cabeça, certamente não esquecerá de você. (Lc. 12:6-7)
A Deus toda a Glória
Carlos R. Silva
outono 2014
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