quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Verdadeira Força é a Fraqueza

No livro Das profundezas – preces, de Kierkegaard, há uma oração intitulada “A fraqueza verdadeira”. Assim se expressa o filósofo dinamarquês: 

“Pai celeste! No mundo cá de fora, um é forte, outro é fraco. O forte – quem sabe – envaidece-se com a sua força; o débil suspira e, ai de mim, torna-se invejoso. Mas aqui, bem no interior da tua Igreja, todos somos fracos: aqui, perante tua presença – tu és o poderoso, só tu és o forte”.

Iniciamos o novo ano, traçando planos e projetos para a vida pessoal, profissional e ministerial.
A esta altura, já participamos de campanha de oração com o alvo de termos meses abençoados pela frente.
Sejamos honestos, nem tudo serão flores. E quando vier aquela sensação de impotência frente aos problemas que enfrentaremos? E quando a dúvida parecer falar mais alto, lá no íntimo?

O filósofo cristão Kierkegaard foi duro com o cristianismo de sua época, principalmente sua Igreja, a Luterana. Ele a chamava de “igreja de domingo”. Muita forma e pouca vida. Para ele, a questão fundamental não era se o cristianismo era verdadeiro, mas se era verdadeiro para a pessoa. Se a pessoa o vivia.

Hoje se procura uma igreja pelo que ela oferece, pelo entretenimento, e status que dá. Há até o termo igreja da moda. 
Não há muita preocupação se ela chama à uma vida santa. É um cristianismo social, de compromissos mundanos e conveniências: “O que é bom para mim?”.

No pensamento secular você é o que aparenta

No mundo, as pessoas são avaliadas pela força social, econômica ou cultural. A roupa e o carro dizem quem somos e quanto temos. Lutamos por status. Queremos ser grandes aos olhos alheios.
Quem não pode ser envolve-se em fofocar sobre os “famosos”, na Internet ou qualquer outra mídia, ou meio de comunicação.

E dentro da Igreja?

Mas dentro da igreja, diz Kierkegaard, todos são pequenos. Há só um Grande, o Senhor. Nós não fazemos a grandeza da igreja. Deus faz!

Dependência saudável

Alguém disse que admirava os pastores por que têm uma vida espiritualmente superior. Não é verdade. Estão sujeitos às mesmas provações que todos os demais cristãos. Passam por vales e enfrentam batalhas de todo o tipo. Não são um super-homem espiritual. Nunca foram.

No princípio, isto arrasa a qualquer um. Vemo-nos indignos do ministério. Como é que Deus nos chamou para o ministério pastoral? O que ele teria visto em nós?
Mas tenho aprendido que não preciso ser um super-homem. Preciso apenas ser dependente da graça de Deus. Esperar e viver da sua misericórdia.

Deus não espera que sejamos infalíveis e invencíveis, mas que sejamos suscetíveis, que estejamos ao alcance de sua graça.
Ele disse a Paulo: 
“A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco” (2Co 12.9).

“A minha graça é suficiente para você”. Solução melhor do que retirar o espinho de Paulo. A fraqueza humana abre a oportunidade ideal para a demonstração do poder divino.

Não somos vasos de ouro, mas de barro. São estes que Deus usa:
“Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós”.
2Coríntios 4.7

Somos fracos e carentes da graça de Deus. Nosso Salvador nos anima, perdoa, capacita e nos ajuda a viver.
A igreja de Jesus é a confraria de fracos e pecadores que ele, graciosamente, salvou e capacita para a vida. Fracos e pecadores que têm um Deus de poder e graça. Isto basta. Assim o fraco se torna forte.

A Deus toda a Glória!


Carlos R. Silva
verão 2015

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