terça-feira, 10 de março de 2015

O peso desnecessário da religião


"Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera."
Isaías 64:4

A Igreja do nosso século é escrava da cultura corporativa. Boa parte das igrejas é administrada como uma empresa.
Tão diferente do "coração uno" e do "cair na graça e simpatia do povo" dos primeiros cristãos.

Metas, gráficos e estatísticas passaram a ser usados como ferramentas para aferir o desempenho da igreja. O que vemos é uma leva de cristãos, sejam membros ou pastores, o que for, cansados, frustrados e carregando verdadeiros fardos.
Fardos para os quais o contratante, o Senhor Jesus, disse que não deveriam ser assim, pois o seu fardo é leve e o seu jugo é suave.

A espiritualidade que se difunde, e prevalece, atualmente deixa os crentes com fardos pesados sobre os ombros. Multiplicam-se igrejas e pessoas especializadas em não deixar as pessoas esquecerem suas dívidas perante um Deus implacável.

Nesse conceito religioso, não se descansa. As inadequações da vida se tornam o motivo para os revezes existenciais. Os contratempos passam a ser vistos como resultado do pecado ou de eventuais brechas por onde o diabo chega.

Multidões lotam igrejas, mesquitas e sinagogas, ávidas por saberem como agradar esse Deus melindrado. Cultuam sem jamais esperar afetos ou compaixão na relação com o divino.

Tudo se resume ao como: como conseguir afastar o mal e alcançar bênçãos; como saber a senha do milagre; como acertar com o centro da vontade de Deus. Nesses espaços, se alguém almeja conquistar o amor divino, tem que fazer sacrifício, passar por ritos punitivos e, lógico, dar dinheiro.

Acontece que a vida, por si só, já é desgastante. Ninguém precisa de mais um peso. O Evangelho avisa o contrário: Deus não desiste de amar. Seu amor é leal. Nada diminui o seu compromisso de se doar.

Na parábola do Pródigo, o Pai respondeu ao filho mais velho: Tudo o que tenho é seu.
Essa frase precisa ser pedra angular nos que se atrevem a falar de Jesus. Deus não nos estima por mérito. O amor verdadeiro não depende do desempenho em cumprir mandamentos ou de alcançar níveis excelentes de pureza.

Desafetos, perdas e outros revezes, solidificam uma percepção mais leve da graça: o bem que Deus despeja sobre a humanidade nunca vem atrelado a mérito. Ele jamais abandona os malogrados.

Ninguém precisa ter medo do fracasso. O amor de Deus não exige contrapartida. Ponto final.

Solus Christus!




Carlos R. Silva
Ricardo Gondim - adatação de artigo

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