domingo, 16 de agosto de 2015

E Receberão Poder

Costumamos orar a Deus, pedindo-lhe poder.

Me pergunto, exatamente para que o pedimos? Poder para quê?

Arquimedes, físico e matemático da Antiguidade Clássica, disse “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo.”

Já, Joseph Conrad, escritor britânico, num tom de sátira talvez, ou inebriado com o poder da palavra dizia: “Não me fales da alavanca de Arquimedes. Dá-me palavra e acentuação certas, e eu moverei o mundo.”.

O cristão ouve do próprio Jesus: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, ...”, conforme Atos 1.8.

Eis aí a alavanca, o dínamo que todo o cristão precisa.

Mas a pergunta continua: poder para quê?

Então na mesma promessa Jesus responde: “ ...e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra”. Parte final do texto.

Poder para testemunhar.

Pessoa que testemunhou, que assistiu a um acontecimento, um fato: testemunha. Por isso o apóstolo Pedro afirma sobre o que eles receberam: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade.” (2 Pedro 1.16).

Parece que o Senhor esteve durante todo o seu ministério preparando os que o sucederiam para isso.

E, além disso, ficou impossível para todos os que tiveram um encontro com ele, aos quais ele apareceu após sua ressurreição, após ter vencido a morte.

É impossível não testemunhar do que temos visto e ouvido.

A constatação, que deve me incomodar e me levar uma mudança de atitude, é que pedimos poder, mas não nos sensibilizamos frente aos desmandos que assolam pessoas, criadas a imagem e semelhança de Deus, em nosso mundo, em nosso país, em nossa igreja em nossa rua.

Deveria me incomodar o fato de que quando eu peço por cura, o pedido normalmente não estende-se nem contempla outros, é pouco abrangente, sendo geralmente para eu mesmo ou, no máximo para os meus.

Lamentavelmente a pequenez dos nossos objetivos, geralmente centrados em nós mesmos, não deixa muito espaço, são pouco inclusivos, e chegam, no máximo até o nosso umbigo.

Por isso Tiago é tão contundente: “Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.” (Tiago 4.3).

Quem, verdadeiramente, torna-se cristão, deixa-se ser alcançado por Deus, converte-se ao Senhor, passa por transformação.

Há uma desconstrução do seu eu, do ego, da própria vontade.

Passa-se a falar como o apóstolo Paulo “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 2.20).

Receberão poder. Alavanca, ponto de apoio. Sim, e esse poder traz consigo responsabilidades, alarga a visão nas dimensões física e espiritual.

Arquimedes tinha a alavanca, Conrad as palavras e o cristão tem o Espírito
Santo.



A Deus toda a glória!



Carlos R. Silva
Inverno 2015


Referências

• Bíblia Sagrada Almeida Revista e Corrigida, CPAD 
• Bíblia de Estudo NVI, Ed. Vida

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