segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Quando Deus Fala

Eles foram depressa, e encontraram Maria e José, e viram o menino deitado na manjedoura.
Então contaram o que os anjos tinham dito a respeito dele.
Todos os que ouviram o que os pastores disseram ficaram muito admirados.
Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas.
(Lc 2.16-19)


Para uma moça saindo da adolescência, certamente o que tinha acontecido era estranho demais, porém grandioso, era forte demais, porém maravilhoso!
E é isso que Maria expressa no seu cântico a Deus, quando tem a sua fé fortalecida pela prima Isabel:

“Minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois atentou para a humildade da sua serva.De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 
pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome. (Lc 1.46-49).

Será que já vimos adoração assim, como a que essas palavras expressam?

Aliás, será que, algum dia já adoramos a Deus com tal compreensão e expressada por palavras como estas?

1. Deus fala de diversas formas e meios

Deus fala!
Se olharmos atentamente para a Bíblia, veremos que Deus constantemente toma iniciativas para comunicar-se conosco. E são interessantes os métodos meios que ele usa. Anjos, sonhos, uma jumenta, arbustos queimando mas sem se consumir, uma coluna de fogo, um dedo escrevendo na parede, e tantas outras formas mais.
E aqui, no anúncio do nascimento do Salvador, ele usa os anjos novamente.
E como Deus é cuidadoso! De maneira progressiva ele trata dos pastores. Primeiro ele envia um anjo, que quebra o silêncio das vigílias da noite, apresenta-se, cercado pela glória do Senhor:

Então um anjo do Senhor apareceu, e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos pastores. Eles ficaram com muito medo, (Lc 2.9).

Depois de já tranquilos e tendo entendido o que estava acontecendo Deus envia-lhes toda a hoste de anjos.

No mesmo instante apareceu junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exército celestial. Eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo:
— Glória a Deus nas maiores alturas do céu!
E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem! (Lc 2.13-14).

E hoje, a nós, como Deus comunica-se conosco? Que sinais ele usa?
Deus fala ao nosso coração através da pessoa de Jesus.
Conforme o escritor aos Hebreus:

Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas,
mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. (Hb 1:1,2).

2. Deus fala ao Humilde, ao Atento, ao Quebrantado

De acordo com o profeta Isaías, Jesus é o Ungido do Senhor para pregar boas-novas ao quebrantado, para proclamar libertação aos cativos. (Is 61.1-3).
Certamente, está em harmonia com esse espírito, que a primeira proclamação do nascimento do Messias fosse feita a pobres e oprimidos pastores.
Tratava-se de uma classe desprezada. Em sua ocupação, chegavam a ficar meses longe de casa, da família. Isso tornava difícil observar todas as regras da lei mosaica - e especialmente as regras de autoria humana que lhes foram acrescentadas!
Adicionalmente, eram também acusados de conduta duvidosa no cuidado dos rebanhos que lhes eram confiados.
Por essas razões, eram desprezados e excluídos da companhia da maioria das pessoas. Ou ainda, eram excluídos do convívio com as “pessoas de bem”.
No entanto, a narrativa de Lucas deixa claro que esses pastores, a quem pela primeira vez foi feita a proclamação do nascimento do Salvador, eram diferentes. Eram homens devotos, provavelmente conhecedores da profecia messiânica e, como Simeão, “esperavam a consolação de Israel” (2.25). Note como o anjo dirigiu-se a eles:

mas o anjo disse:
— Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo!
Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês — o Messias, o Senhor!
Esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura. (Lc 2.10-12).

E note também sua reação exemplar:

Quando os anjos voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros:
— Vamos até Belém para ver o que aconteceu; vamos ver aquilo que o Senhor nos contou. (Lc 2.15).
Quando encontraram Maria e José “contaram o que os anjos tinham dito a respeito dele.” (Lc 2.17).
Então os pastores voltaram para os campos, cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto. (Lc 2.20).

E aí nos perguntamos: Por quê, frequentemente as pessoas que têm o acesso dificultado, condições precárias e outros agravantes são, geralmente, as mais fiéis?
O que tem acontecido com a Igreja?
O que aconteceu com a nossa adoração?
Será que a notícia a respeito do Salvador ainda causa-nos impacto, ainda nos enche de júbilo, ainda nos faz desejar a presença do Senhor acima de qualquer coisa?
Até que ponto Jesus é maravilhoso para nós? Será que é maravilhoso a ponto de não ser possível evitarmos partilhar essa alegria com todos ao nosso redor?
A ponto de ele ser o principal assunto das nossas conversas?
A ponto de ele ser a nossa principal ocupação, onde gastamos a maior parte do nosso tempo?

3. O Nascimento de Jesus é Uma Notícia para ser Ouvida e Guardada com Zelo

Todos os que ouviram o que os pastores disseram ficaram muito admirados.
Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas. (Lc 2.18-19).

Maria poderia ter perdido o eixo, se deslumbrado. Ela poderia ter-se descontrolado pela emoção dos acontecimentos, mas manteve-se firme e consciente de sua dependência de Deus.
A mãe do Salvador nem tinha ideia do quanto mais aconteceria à sua vida e à do filho, fruto do seu ventre. Não sabia o que aconteceria de bom, nem o que a faria sofrer.
Ela teve a serenidade de tudo observar e guardar no coração.
Agasalhava dentro de si as maravilhas contadas pelos pastores.
Aquele nascimento que mudaria a história do mundo inteiro. Mas não era suficiente apenas ouvir sobre os propósitos de Deus a respeito dele.
A atitude de Maria fica bem clara quando lemos numa outra versão da Bíblia:

Maria, porém, entesourava todas as coisas, ponderando sobre elas em sua mente. (Lc 2.19).

Entesourar não é somente ouvir. Ponderar, não é somente ouvir!
Era preciso guardar a mensagem no coração, pois os mistérios de Deus são maravilhosos e profundos demais para passarem somente pelos ouvidos.

4. Não Basta Apenas Ouvir

A razão pela qual muitas vezes a Palavra de Deus não frutifica em nós e não muda o nosso modo de viver é que nós apenas ouvimos.
Ficamos animados, eufóricos, empolgados, mas é bem verdade também que o efeito logo passa.
Hoje o Senhor está falando conosco. Certamente ele está falando.
Não desperdicemos as preciosidades que o Senhor está nos revelando deixando que a notícia entre por um ouvido e saia pelo outro.
Não somente ouvir, não somente se maravilhar, não somente se empolgar: é necessário degustar e digerir tudo o que o Senhor nos diz, para depois colocá-lo em prática.
Guardemos tudo no coração. Com o auxílio do Espírito Santo passaremos então a entender que grandes coisas o Pai nos reservou.
Nem tudo o que o Senhor nos diz compreendemos de imediato.
É necessário sair da superficialidade, meditar com cuidado, sem pressa, com reverência e gratidão.
Só assim as verdades do Evangelho, recebido com esse maravilhoso presente chamado Jesus, passarão a ser nosso estilo de vida.

É isso que Tiago certamente deseja quando diz “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. (Tg 1:22).

É disso que Jesus está falando quando diz:
Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. (Mt 7:24,25).

Conclusão

Para terem valor, os tesouros que o Senhor nos transmite precisam ser guardados, manuseados e aplicados em nossa vida.
Sobre isso, Jesus mais tarde dirá apropriadamente:

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada. (Jo 14:23).

Que o Natal represente mais do que presentear: aceitemos o verdadeiro presente Jesus Cristo, expressão da graça e do amor de Deus por todos nós.
Que o Natal seja representado por encontros sim, mas principalmente que nos lembre de reencontrarmos, se for preciso, a fé em Cristo, que para nós é certeza de vida e vida em abundância.
Celebremos o Natal, mas sem esquecer do aniversariante: Jesus Cristo. Que tal o presentearmos agora, dando-lhe nossa vida, nosso coração?

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